16 de fevereiro de 2009

A velha história

Originalmente publicado em 17/12/2008
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Olá pessoal. Ando sem tempo. Velha desculpa. "Ter tempo é uma questão de preferência", diria a minha mãe. Nem sempre, nem sempre... Até o tradicional e-mail de fim de ano que mando para as pessoas não consegui fazer. Decidi fazer isso hoje. Aí, fiquei pensando no que escrever. Fim de ano é época de reflexões, de balanços, novas proposições, novas expectativas. Por isso eu tento sempre passar uma mensagem que , de alguma forma, traga algum significado às pessoas. Aí lembrei de um texto da Martha Medeiros, chamado "Sentido da Vida", que transcrevo em parte aqui:

"Não é nenhuma novidade que dinheiro, viagens, status, beleza e outras coisinhas mundanas são sonhos de consumo de muita gente, mas não dão sentido à vida de ninguém. A única coisa que justifica nossa existência são as relações que a gente constrói. (...) Para amar, resumindo. Piegas? Depende de como a história é contada. (...)
Só quem nos conhece a fundo pode compreender o que nos revira por dentro, qual foi o trajeto percorrido para chegarmos neste exato ponto em que estamos, neste estágio de assombro ou alegria ou desespero ou seja lá em que pé estão as coisas pra você. Se não nos decifraram, se não permitimos que aplicassem um raio x na gente, então não existimos, o sentido da vida foi nenhum.
Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca. É a velha história do livro, do filho e da árvore, o trio que supostamente nos imortaliza. Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. A única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória de quem amou a gente."

É por isso que trago na memória, cada pessoa e cada pequeno momento que marcaram minha vida. Cada sorriso sincero, cada choro contido ou não, a mão suada, o coração que bateu mais forte. O beijo tácito ou cálido. O amor da família, o amor dos amigos, o amor de Deus em cada pequena lembrança, menor que seja, mas que por ser lembrança é grande, é imensuravelmente significativa em minha vida. Que as memórias de vocês também sejam assim. UM FELIZ NATAL E UM ÓTIMO 2009!!!

Discurso Indutivista

Originalmente publicado em 10/12/2008
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Hoje decidi escrever um texto mais “nerd” (:PPP), mas acho interessante para demonstrar como encaro determinadas coisas que vejo por aí... Quando estudamos e trabalhamos na pós-graduação, aprendemos a ter atenção com o modo como organizamos nossas idéias no papel ou em uma apresentação. Fazemos isso, pois muitas vezes idéias e pensamentos corretos, colocados de maneira errada, têm seu sentido distorcido. Às vezes isso é feito, incrivelmente, de maneira deliberada. É o que chamamos de discurso indutivista, ou indutivismo ingênuo. Não sei se vou ser bom para explicar, mas funciona mais ou menos assim: Alguém pega duas afirmações verdadeiras ou cheias de conteúdo para generalizar, insinuar coisas ou gerar uma terceira informação errada, mas que parece verdadeira. Por exemplo:

- Mulheres usam cabelo comprido;
- Isabel é mulher;
- Logo, Isabel tem cabelo comprido.

- O pai quer a filha no caminho correto.
- Eu ando no caminho correto.
- Logo, o pai quer a filha andando comigo.

Mesmo considerando que primeiras afirmações de cada exemplo sejam verdadeiras e irrefutáveis, a terceira pode não sê-la, apesar da aparente lógica. Isabel pode não ter cabelos compridos; a filha pode andar no caminho correto e ainda assim não necessitar de uma companhia específica.
Assim, muitas pessoas acabam usando este recurso para, a partir de preceitos verdadeiros, sejam eles de senso comum, religiosos ou científicos, gerar outros conceitos implícitos que lhes favoreçam especificamente, sem que os mesmos tenham relação direta com a realidade das coisas.

Outro aspecto que como acadêmicos aprendemos a desconstituir é a distorção do que estudiosos um dia chamaram de “discurso competente”. Conceitualmente, “O discurso competente é um discurso instituído. É aquele no qual a linguagem sofre uma restrição que poderia ser assim resumida: ‘não é qualquer um que pode dizer a qualquer outro qualquer coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância’”. Esse tipo de discurso acaba se confundindo com uma linguagem “autorizada”, no sentido do interlocutor se considerar previamente reconhecido como o indivíduo com maior capacidade para emitir conceitos e opiniões, devidos justamente a seu suposto maior “discernimento”. Em outras palavras, é uma maneira bonita de esconder uma convicção preconceituosa do tipo “Desculpe, mas eu tenho mais entendimento para falar sobre isso do que você”. Lamentável.

Ce grand malheur, de ne pouvoir être Seul

Originalmente publicado em 08/12/2008
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Hoje eu resolvi contar alguns pensamentos bem pessoais do meu dia. Estão vendo a foto aí? Foi no churrasco de Natal da turma da pós-graduação. Todo ano eu acabo “organizando” esse evento. São sempre 30, 40 até 50 pessoas ávidas por carne, complementos, sobremesas. Eu sempre reclamo que é serviço demais, incomodação demais, mas a verdade é que eu fico com um orgulho contido quando vejo as pessoas satisfeitas com algo que, de certa forma, eu ajudei a proporcionar. Mesmo acordando cedo e retornando exausto em casa, vale a pena. E as pessoas, acho, percebem um pouco isso. Mas por outro lado talvez não percebam o sentimento de melancolia que se abate em mim, algumas vezes em eventos como esse. Pela proximidade do Natal, que sempre me deixa com um sentimento feliz e triste ao mesmo tempo, ou pelo fato de que no fim do ano as pessoas viajam de volta para suas casas, ou por me chatear com situações específicas que não deveriam me afetar, mas afetam...sei lá.
Hoje em um determinado momento, depois de mais de 20 Kg de carnes, saladas, legumes recheados, eu me vi sozinho ali, na frente da churrasqueira. Ao fundo, 40 pessoas satisfeitas, conversando. E eu percebi que não tinha a mínima idéia do que elas conversavam, riam. Estava ali, ao lado, mas também longe demais, ocupado demais. Aquele sentimento de certa forma tomou conta de mim de uma maneira não tão saudável. Poxa, eu sabia que eu sempre vou preferir estar ali, “gerenciando” tudo, mas uma parte de mim ficava triste em saber que não estaria na maioria das muitas fotos que as pessoas vão colocar no orkut depois; que não adiantava chegar e sentar em qualquer lugar, pois eu não teria a mínima idéia do que estava sendo conversado. Às vezes, um homem no meio de uma multidão pode estar incrivelmente só.
Engraçado que isso me fez fazer uma comparação com algo totalmente sem conexão aparente: a nossa secretária da pós-graduação, a Simone. Cara, das 24 horas do dia, se dormir 8 horas, ela tem apenas 4 horas livres, pois nas outras 12 horas restantes ela está ou trabalhando ou se deslocando para o trabalho. Ou seja, a maior parte da vida dela é vivida ali, naquela cadeira, se relacionando com as pessoas que estão ali, trabalhando e estudando. E como tem gente que não se dá conta disso!! Deve ser por isso que converso tanto com ela, pergunto coisas, conto histórias, ajudo quando preciso. Deve ser ruim conviver horas e horas, dias e dias com pessoas que nunca trocam mais do que duas ou três palavras com você. Que acham que, por essas coisas da vida, existem determinados momentos que certas relações precisam ser mais “protocolares”. E o coração da pessoa, como fica?
Bueno, quem me conhece bem pode até estranhar o tom deste post, mas foram apenas alguns sentimentos específicos que quis compartilhar. Eu acho divertido que eu escrevo essas coisas e depois fico aqui do outro lado do monitor lendo e dando risada: ah, Daniel, deixa de bobagem!!!

P.S. O título do Post é a epígrafe (escrita por La Bruyère) do texto “Homem na Multidão”, de Edgar Allan Poe.

Briga de polegar

Originalmente publicado em 24/11/2008
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Muitas pessoas me perguntam de onde tiro inspiração para os meus textos. Depende muito, às vezes são coisas que eu simplesmente sinto necessidade de falar, outras são histórias que vão sendo construídas a partir da realidade; outras, ainda, vêm a partir de uma música ou uma lembrança ou idéia que aparece do nada, no meio do trabalho, ou na cama antes de dormir. Aí eu levanto, pego caneta e papel e rascunho tópicos para escrever na frente do computador no dia seguinte.


Hoje eu resolvi escrever um texto a partir de um fato ocorrido com essa pessoinha aí da foto, a Lu. Uma amiga tão querida que me convenceu a dar aulas de direção para ela. Não que ela tenha precisado insistir muito, como vocês vão entender. Falo isso porque muita gente poderia pensar “que chato que deve ser ficar dando aula de direção” ou “ é muita paciência”. Acontece que eu acabo me divertindo!! De verdade!! E, acreditem, ver o sorriso de felicidade dela quando a “auto-escola” termina e ela sai do carro faz valer o meu dia. Ah, e uma nota importante: ela tem se saído muito bem até agora.

Bom, semana passada foi a terceira aula dela, e dessa vez com platéia (a Dani e a Angela nos acompanharam – ou, como diria a Lu “saí e tive aula com o DÃniel, mais a DÃni e a Piovesano”. A gente fez algumas manobras em uma área descampada e depois partimos para uns percursos em uma ruas residenciais na zona Sul de Porto Alegre, onde o tráfego é menor. No final, eu usei uma metáfora ( como sempre) para resumir o que tinha sido a aula. Eu lembrei de um filme (só não recordo o nome) onde um menino de 10 anos aprende a dançar sendo ensinado pela namorada do pai (acho que é a Melanie Griffith a atriz). Como ele não sabia dançar, a mulher faz ele aprender a partir de uma brincadeira infantil bem simples, aquele jogo de tentar segurar o polegar da outra pessoa com as mãos unidas (será que consegui explicar? Bom, tem a foto ali embaixo para explicar). Anyway, o caso é que, como no filme, aprender a dirigir em um descampado e depois dirigir no trânsito é como fazer “briga de polegar” e depois dançar de verdade. A gente ensaia do modo mais simples para depois fazer do modo mais avançado. E nisso eu fiquei pensando, depois...
É que, diferente do filme ou do treinamento com o carro, a vida é como uma grande peça de teatro que não permite ensaios – por isso às vezes os atores são tão ruins nas suas interpretações. Nós criamos nossa própria história e se ela não agrada a quem queremos, so sorry, não há oportunidade de voltar e refazer a cena. No máximo dar um novo destino aos personagens, a partir daquele ponto. É por essas e por outras que eu tento cuidar com tanto carinho dos coadjuvantes da história da qual sou protagonista, a história da minha própria vida! (Na foto, explicamos como funciona a "guerra de polegar", para quem não lembra da brincadeira)

15 de fevereiro de 2009

Do fundo do baú

Publicado originalmente em 18/11/2008
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Você considera fácil definir-se? Ou mesmo conseguir descrever um breve resumo de sua vida em poucas linhas? Eu tentei isso anos atrás, quando era um dos redatores de um blog que contava com a participação de mais ou menos 8 a 10 pessoas diferentes. Dias atrás, fui revirar alguns textos antigos que escrevi e dei de cara com esse que escrevi quatro anos atrás. Era para ser uma bem-humorada primeira aparição no blog, para me apresentar aos participantes que ainda não me conheciam tão bem. Era algo mais ou menos assim:


“Me pediram para ser um dos escritores deste blog... (...)

Bom, para começar, deixem que eu apresente um breve histórico. Nasci pelado, careca e sem dente; portanto, tudo que veio depois foi lucro (plagiando um amigo...);
Quando criança, odiava quando o Bozo comia aqueles picolés da Yopa (Prestigio, Laka, Lolo) que não tinham para vender aqui no sul. Espero até hoje o último capítulo de Caverna do Dragão. Perdia mais tempo construindo e montando prédios e quartéis-generais para os meus Comandos em Ação e os meus Playmobil do que brincando... (olha o engenheiro aparecendo desde cedo...)
Com 11 anos, enquanto todos pediam bicicletas de trilha de 18 marchas, câmbio chimano e tal, de presente, eu pedi uma Calói Barra Forte (aquela com banquinho adicional na frente, lembram?) Ganhei uma Monark barra circular e fui o inspirador da propaganda não esqueça minha calói...
Com 14, percebi que gostava de política (!?) e levei advertência séria no colégio junto com outro membro do diretório de estudantes por fazer todos os alunos pularem o portão da escola para participar de uma passeata do fora Collor... era a história do nosso País em curso e eu não deixei de fazer parte dela.
Com 15 fui para uma escola particular, aprendi latim, filosofia e história da arte. Adorei. Mas percebi que quanto mais abastados os meus colegas, mais idiotas.
Daí para adiante, comecei a crescer e perdi parte da ingenuidade que nos faz felizes na infância. Com 17 fui fazer Engenharia e descobri que nasci pra isso, trabalhar muito e ganhar pouco (brincadeira...)
Com 20 fui trabalhar em uma construtora onde percebi que nunca conseguirei ser patrão: não sou extremamente ganancioso, gosto de tratar todos como iguais e não costumo descontar minhas angústias ou mau-humor nos outros.
Com 22 decidi fazer mestrado mesmo sabendo que todo mundo acha que isso não é trabalho. Conheci grandes amigos e aprendi a dar valor a muitas coisas que a maioria não percebe.
Hoje, com 26, tenho amigos espalhados por todo o Brasil, trabalho com pesquisa em engenharia, vivo o presente de maneira simples e vejo o futuro além do limite dos meus sonhos. Amei, “desamei”, dei minhas cabeçadas na parede, cometi minha cota de erros, mas compensei procurando acertar mais. E percebi que – graças a Deus – não perdi toda a ingenuidade da infância como a maioria dos adultos chatos que somos.”
____

O que veio nesses quatro anos depois dos 26? Nossa, quando fui pensar nisso... Fiquei impressionado na quantidade de coisas que aconteceram!!!! Realizações, decepções, trabalho árduo, amores intensos, novas amizades, amizades que se consolidaram para toda a vida, novas perspectivas, e muitas, mas muitaaaas histórias que vou levar para sempre. Coisas que não caberiam aqui em um só texto. A minha vida, simplesmente. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é”, já li certa vez, e está completamente certo.

Se eu tivesse que encerrar de forma parecida com o que escrevi 4 anos atrás, eu diria assim:

Hoje, com 30 anos, continuo com amigos espalhados pelo Brasil, estou terminando meu doutorado e pronto para alçar novos vôos (o céu é o limite). Afinal continuo vivendo o presente de maneira simples e vendo o futuro além do limite dos meus sonhos. Deus continua do meu lado e a criança dentro de mim, espero, nunca vai morrer.

Once upon a time

Originalmente publicado em 21/10/2008
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Este texto é uma obra de ficção. Não foi retirada de nenhuma revista água com açúcar, acreditem. Qualquer semelhança dos fatos aqui descritos com a vida real é mera coincidência. Tampouco os fatos aqui têm outras intenções que não as de contar uma bela história que podia ser realidade. Aliás, se fosse realidade, seria de fato uma bela história, por sinal...

Era uma vez uma princesa linda que havia deixado de sonhar. Por que motivo ela havia deixado de sonhar, não se sabe. Talvez ela tivesse sido involuntariamente convencida que precisava apagar a luz tão grande que possuía para seguir em frente com os sonhos que ela pensava estavam reservados para ela. Ou então tentaram fazê-la acreditar que certos sonhos não podem ser sonhados. A verdade é que ela havia parado de sonhar. Sonhar os sonhos lindos que pessoas como ela merecem ver tornar-se realidade.

Um dia, então, entre suspiros de resignação e melancolia, ela encontrou um cavaleiro sem graça, que falava sem parar e gesticulava como o típico guerreiro veneziano que era. A princesa nunca deixara nenhum cavaleiro estranho aproximar-se dela, mas, de alguma forma, aquele homem atrapalhado conquistou, pouco a pouco, sua confiança. E foi ele que teve coragem de lhe perguntar por que ela havia parado de sonhar. E, mais que isso, passou a mostrar à bela princesa que tornar o mundo dos sonhos realidade é possível. Mostrou-lhe os campos floridos nos arredores do sul do reino, o pôr-do-sol além do lago, os aromas e sabores que a vida possuía.

Então ela se deu conta da sua condição de linda princesa. E passou a sonhar novamente.

A princesa lembrava, contudo, do cavaleiro Pardo que vivia próximo aos grandes castelos de pedra do centro do Reino, a quem estava prometida há anos. Aconteceu que o cavaleiro Pardo passou a perceber que sua prometida estava distanciando-se dele. Mandou então seus servos enviarem grandes flores coloridas para a princesa, e mandou as entregar justamente próximo da aldeia onde o cavaleiro veneziano vivia. Avisada do presente quando ainda passeava pelos campos com o cavaleiro veneziano, ela retornou com ele para a aldeia e lá recebeu as flores. Correu então, confusa e envergonhada, de volta até seu Castelo. Vendo aquilo, o cavaleiro veneziano não pensou duas vezes. Selou seu cavalo e correu ao encontro da princesa, de onde gritou por seu nome ao chegar. Quando a princesa abriu as portas do castelo, ele não teve dúvidas: beijou-a como nunca havia antes a beijado, nem a nenhuma outra pessoa em toda a sua vida. E assim continuou beijando-a enquanto subiam todas as escadas do castelo até chegar à parte onde a princesa morava. Lá, tomando-a novamente nos braços, olhou-a fixamente nos olhos e disse:

- “Eu conheci uma linda princesa de olhos tristes que havia deixado de sonhar. No início nada mais queria que não simplesmente ajudá-la a devolver a alegria de viver, assim como outros de seus queridos amigos e amigas procuravam fazer aqui neste canto perdido do reino. Mas me encantei com esse brilho no olhar, esse sorriso de menina que esconde alguém tão especial por trás. E eu quero que você continue a acreditar que sonhar é bom. Eu quero você, princesa, eu vou te ter para mim.”

E a história continuou, belamente. Mas o resto dela fica para um próximo post. Aguardem.

Then sun shines

Publicado originalmente em 21/10/2008
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Essa semana realmente vôou!! Agora estou me preparando para viajar para Fortaleza em um congresso – nossa como estava precisando desses dias de férias!! Sábado estou embarcando para a Praia do Futuro, suco de cajá, passeio de buggy, Beach Park, Dragão do Mar, forró, Praia das Fontes... e o pôr-do-sol na ponte metálica, como na foto acima. Mas principalmente esse último eu vou deixar para ver só a partir de segunda-feira... =]
Sábado e domingo vão ser divertidos com certeza, mas na segunda quando toda a turma que vem ao congresso chegar, aí sim quero só ver a bagunça...hehehehe
Bom, vou indo lá. Como despedida do blog nos próximos dias, fica a música que havia prometido algumas semanas atrás – Sunshine, do Harem Scarem (sim, de novo eles, hehe)

When I feel alone I need to find the energy
That I feel when I'm with you
Holding on to everything that I can reach
That I think is part of you

Over and over
When my fears have won
And I feel I'm losing you
Ooh you're making me feel
Like a day that'll never see dawn

Then sun shines
And I feel I can deal with the worst of it
It's a slow ride
And I know I'm not alone
In your sunshine

No reason to reveal the light if I don't see
When I seem obsessed with you
Reeling in elusive fish that I don't need
When it seems I needed you

Mais sobre Heróis e Vilões

Publicado originalmente em 01/10/2008
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Como meu texto “Você não é um super-herói, Daniel”, de 17/07 rendeu diversos comentários entre as pessoas que liam e vinham falar comigo, decidi escrever um pouco mais sobre o assunto. Aproveitando, faço o gancho com o último filme do Batman, que faz mais de dois meses que assisti e que andava querendo comentar aqui.

Antes de tudo, assisti ao filme e achei Heath Ledger PERFEITO na figura do Coringa. Merecedor do Oscar póstumo que estão querendo lhe conceder. Agora tenho que confessar que fiquei surpreso com vários comentários das pessoas saindo do cinema e outros postados em blogs - me deixaram surpreso; ou melhor, não surpreso, mas decepcionado. Porque sempre soube que há essa tendência das pessoas hoje em dia a se identificarem mais com os vilões... Mas espera aí!!

Não bastasse aquelas frases bem lugar comum de quem quer parecer cool do tipo “eu estava torcendo era para o Coringa” ou “sempre prefiro o anti-herói”, eu li coisas do tipo “ Os vilões são muito melhores que os insípidos heróis e sua falsa moral" ou "Ele (Coringa) não é um vilão idiota que só quer fazer o mal pelo mal" Nessas horas eu ficava pensando NOSSA, EU VI O MESMO FILME QUE ESSAS PESSOAS??

Porque o principal foco do enredo proposto pelo diretor Chris Nolan é justamente o dilema moral que permeia a vida de Bruce Wayne e Aaron Eckart. "Ser o herói que as pessoas merecem ou ser o herói que as pessoas precisam?", frase que aparece duas vezes no filme em contextos bem diferentes. "Ou se morre como herói ou se vive bastante para tornar-se um vilão", é outra que traz em si o destino final da história e do Batman, no filme.

Pensando um pouco, todas essas frases ilustram a intenção, sim, de mostrar a dualidade do bem X mal que habita em cada um de nós. Mas também me impressiona que poucos consigam ver que o objetivo central do filme é enaltecer a figura do herói, e não do vilão, ainda que o Coringa de Ledger seja intenso, insano e mórbido. Novamente, me decepciona ver que na saída do cinema poucos lembram da frase do comissário Gordon "Alguns tem atitudes não por serem heróis, mas por serem bem mais que isso", já as frases do Coringa... estão na boca do povo. “Why so serious, Daniel?”. Tá bom, tá bom...

Como é difícil ser Robert Redford

Publicado originalmente em 22/09/2008
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Eu li esses dias em outro blog que a vida é na verdade como um filme onde cada um é protagonista de suas próprias histórias. E concordo inteiramente. Mas é legal também ver como determinados filmes acabam servindo como belas metáforas para várias cenas da vida real. Ou como cada um, à sua maneira, também acaba criando suas comparações e ligações entre a vida e a arte.
Toda vez que assistia ao filme “Proposta indecente”, sempre procurava ver a história pela ótica do David Murphy, personagem do Woody Harrelsson, o marido apaixonado e abandonado, e não pelo personagem do Robert Redford, o sedutor John Gage que aparentemente tudo podia.

Vocês lembram a cena chave do filme? Quando Robert Redford dentro de sua limusine finge que a Demi Moore não significava nada para ele, (mesmo que ele, na verdade, a amasse), para que assim ela voltasse ao marido? Eu sempre achei muito altruísmo da parte dele, ainda mais quando ele justifica sua atitude para o motorista e confidente algo do tipo: “tinha que deixá-la ir... aquele olhar dela... ela nunca iria me olhar da maneira que olhou para ele”.
Esses dias lembrei do filme muito claramente, e fiquei pensando no personagem do Robert Redford... achei que em algum momento da vida, se isso acontecesse comigo, eu conseguiria ter o mesmo altruísmo... mas será que consigo mesmo? E se, diferente do Robert Redford, eu visse nos olhos da minha Demi Moore o mesmo olhar para mim, e não para o outro... Tudo não seria ainda mais difícil? Ser John Gage, personagem de Robert Redford, deve ser, sem dúvida, muito complicado. Ainda mais se o filme se passa na vida real.

Porque é ruim ficar em meio a uma corda bamba de emoções. John Gage sabia que era um homem melhor que David Murphy, mas também sabia que ser melhor não queria dizer necessariamente que faria Diana (Demi Moore) mais feliz. Mas quem pode ter tanta certeza a respeito disso????

Filmes, filmes... Já dizia o Nietzche, ARS EXISTIT NE VERITAS NO DESTRUAT
EM TEMPO: Vocês sabiam que esse filme ganhou várias Framboesas de Ouro (O “Oscar” dos piores filmes), incluindo pior filme e pior ator (Woddy Harrelson)??? Tá bom, ele não é nenhum Blockbuster, mas também não era para tanto, vocês não acham...

Libertação

Publicado originalmente em 12/09/2008
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Quase uma da manhã, e estou na frente do computador. Retomando a velha praxe. Apesar do cansaço da viagem de volta à Porto Alegre, sigo aqui. Foi bom não estar na cidade por esses dias, mas é bom também retornar.
Entre conversas disfarçadas ditas pelo msn e a preguiça de terminar de desfazer a mala, estico o braço e pego meu livro de poesias do Mário Quintana guardado na estante. Passo à folheá-lo procurando trechos quaisquer de poemas e encontro esta passagem...
"Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!".
Muitas vezes a gente se vê refletido em palavras, poemas, mesmo em textos que nos aparecem... Um poema pode ser mesmo um espelho ou uma fotografia instaantânea da alma do leitor, acho que já falei isso em outro post. O que importa é que velhinho realmente sabia das coisas quando escrevia.
Sigo correndo os títulos..."História Contemporânea", "Romance sem palavras" até que paro em "Libertação". Leio. Deixo o poema transcrito logo abaixo encerrando o post, tenho mesmo que dormir...que venha a semana...

LIBERTAÇÃO

...até que um dia, por astúcia ou acaso, depois de quase todos os enganos, ele descobriu a porta do labirinto.
...Nada de ir tateando os muros como um cego.
Nada de muros
Seus passos tinham - enfim! - a liberdade de traçar seus próprios labirintos.


A gente não pode deixar de sonhar...

Diga lá pessoal. Finalmente apareci novamente para escrever. Acho que a situação atual me inspirou.

Estou a 300 Km de Porto Alegre, em uma tarde nublada de interior, esperando a hora de palestrar em uma universidade. Ontem mesmo já tive a primeira palestra, e dela surgiu um convite para repeti-la no sábado. Já dei uma volta pela cidade, gosto de passear por ela. Comi em um ótimo restaurante. Comprei uns óculos de Sol, que eu procurava faz tempo. Voltei para o apartamento onde estou hospedado, sentei na frente do computador e o pensamento começou a voar longe. Acho que uns 1100 Km longe.

Engraçado que no espaço de uns 15 min atrás muitas coisas vieram na minha cabeça, mas agora parecem tão difíceis de sair...porque sou muito exigente com o que escrevo, no sentido de escrever exatamente o que eu quero deixar como mensagem. Acho que tenho me saído melhor falando diretamente, em tempos recentes. Aliás, eu falei e fiz tantas coisas nesses últimos dias....coisas que eu sabia que era plenamente capaz de falar e fazer, mas que nunca imaginei que faria de uma forma tão espontânea e verdadeira.

A tarefa de ganhar a confiança das pessoas não é fácil. Como eu falei dias atrás, ninguém tem o poder de dizer que conseguirá não decepcionar outra pessoa. A vida tem tantas nuances, tantos desafios. O que a gente pode fazer, é garantir que cada dia ao lado das pessoas que queremos bem seja uma oportunidade de fazê-la feliz por completo. Não permitir que a distância, as angústias, as dúvidas sobre o futuro sejam desculpas para deixar de dar o carinho e a atenção que as pessoas esperam - e merecem - de nós.

Eu tenho uma amiga, com quem converso muito no MSN, que diz que seu ceticismo é que sempre a salvou de partir-se em mil pedaços. Aliás, ela me repetiu isso tristemente faz pouco tempo. Pois eu ainda prefiro achar que a esperança é que realmente nos salva. Se a gente quer mais da vida, a gente pode, basta querer e lutar pelo que se quer. Eu tenho feito isso, com todas as minhas forças. As pessoas, de um modo geral, deveriam ser assim também. A gente, realmente, não pode deixar de sonhar.

Ia terminar esse post com a letra de uma música, "Sunshine", para contrapor essa tarde nublada. Mas aí como sempre eu encontro outra música melhor para a ocasião. Por hora vai o link AQUI.

"Você não é um super-herói, Daniel"


Publicado em 17/07/2008
Link do original
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Essa crônica surgiu de mais uma conversa pelas madrugadas. Querer ter uma boa imagem de si próprio refletida nos outros é algo natural e inerente ao ser humano. Muitas vezes pode ser pensada como uma sina ruim, ou ainda erroneamente confundida com uma pretensa necessidade de reconhecimento com fim em si mesmo. Já pensei que tal comportamento faz de mim uma pessoa presa às minhas necessidades de fazer bem a quem me rodeia. Algo que deveria ser bom, não?
Às vezes, contudo, me pego pensando que aquele que se preocupa com o coletivo vai ter sempre o carinho de todos, mas é o competitivo individualista que acaba parecendo mais bem sucedido. E qual o desfecho de todas essas histórias, no final das contas?

“Você tem uma necessidade de agradar os outros, mas não vejo você agradando ao Daniel.”
Tal afirmação poderia soar irrefutável em um primeiro momento, pensando apenas nesse raciocínio linear de que quem pensa muito nos outros acaba esquecendo muitas vezes de si próprio. Mas existem certas nuances e particularidades que tornam o assunto muito mais complexo, a ponto de nem saber se palavras escritas conseguem replicar tais sentimentos.

Quem sabe muitas vezes a satisfação está em ver um sorriso de alegria de outra pessoa? Ou em um agradecimento sincero de alguém quando vê que fazemos algo que outros não fariam corriqueiramente? “Não, isso seria demais. O ‘herói’ que está sempre salvando os outros mas no fundo não consegue ser feliz.”
Quem teve oportunidade de ler histórias em quadrinhos com um pouco mais de interesse conhece bem os estereótipos que formam o herói e o vilão; eles nada mais são do que o reflexo de muitos conceitos que permeiam nossa sociedade. O diálogo acima me remeteu a um belo resumo da vida dos principais heróis das histórias em quadrinhos: O jovem estudante que salva o mundo escalando paredes mas não é reconhecido por isso, e o pior, sequer consegue pagar as contas ou ter o amor da vizinha de infância; o Super-Homem que mesmo melhor que todos humanos parece sentir-se sozinho no meio da humanidade; Batman, o milionário frustrado com a morte dos pais que descontando sua raiva contra o mundo acaba tornando-o melhor.

“Você não é um super-herói, Daniel. Nem queira ser.”

Breve pausa. Essa frase não soa tão inesperada como instigante? Ver alguém te colocar contra a parede, te cobrar essa posição? Certamente faria qualquer um, pelo menos, pensar nas próprias escolhas de vida – e comigo não foi diferente. O que será que eu tento ser nesse mundo? Ou, o que eu quero ser na realidade? Questões. Por que buscar o melhor para os outros e para si são necessariamente conceitos excludentes? “Ah... o herói sempre se engana! Ele não consegue ver a realidade das coisas. É por isso que ele é o herói e não o vilão – por que o vilão é o mais esperto? Porque ele é mais crítico, mais sagaz, mais desesperançoso com o que humanidade pode lhe oferecer.” E nessa descrença do vilão pelas pessoas, ele se tornaria mais livre que o próprio herói, menos preso a certas conveniências e responsabilidades morais.

Evidentemente, o que eu quis fazer falando dos heróis dos quadrinhos foi uma metáfora. O que quis (e quero, a essa altura) dizer é quem nem todos fazem a escolha que é mais fácil e cômoda para si. Mas nem por isso deixa de ser a melhor escolha. Ou, tentando relativizar ainda mais: nem sempre as melhores escolhas unicamente para nós mesmos são as escolhas que devemos tomar em um determinado momento da vida. E esse é justamente o dilema do herói. Saber que o que é certo nem sempre é o que parecerá lhe render, aos olhos de alguns, maiores benefícios ou mesmo reconhecimento daqueles que foram ajudados por ele. Mas o que ele busca justamente não é isso, a despeito da falta de entendimento alheio sobre o tema, mas sim a certeza de estar fazendo o que é certo para sua consciência. Esse é o sentimento que, no meio de todas as incertezas e tentações individualistas, fazem dele o que ele é, e não outra coisa. O herói. Uma segunda pessoa conversou, tempos depois, comigo justamente a respeito desses mesmos conceitos. A visão dela é um pouco diferente da minha primeira interlocutora.

“Eu não concordo que tu te percas nessa busca pelo agradar aos outros. Simplesmente porque pessoas como tu não fazem isso buscando aceitação ou reconhecimento (por vaidade pura e simples)... fazem simplesmente porque podem fazer.”
Como qualquer outra pessoa poderia, aliás, mas raramente faz. Finalmente voltando ainda às referências citadas, pensei durante horas sobre essa dicotomia (?) entre as personalidades do herói e do vilão: o vilão veria o mundo como ele é de verdade, então? Inebriado pelos próprios desejos e descrente com o que os outros podem lhe oferecer? Nesse caso, não é justamente MUITO BOM querer tornar-se o herói? Pode ser mais sofrido, mais difícil de aceitar, mas, embora não pareça, é extremamente mais compensador. O mundo pode não precisar de homens perfeitos, mas pelo menos intenções perfeitas devem sempre existir.

Sim, eu quero ser o “herói”, nesse caso.

Mas será que a humanidade toda não está realmente torcendo mais para os vilões hoje em dia???

In your perfect world

Publicado em 03/07/2008
Link do original: danielsblog.blig.ig.com.br/2008/07/in-your-perfect-world.html



As pessoas estavam me cobrando um novo texto. A criatividade anda meio escassa mais pela falta de tempo do que qualquer outra coisa. 2008 chegou com atraso, mas está aí, cobrando o tempo perdido. Quero ver se publico alguns dos textos velhos que possuía no antigo blog que participava, tem coisas interessantes por lá.
Por hora, transcrevo uma música que já sugeri a várias pessoas, e que assim como eu identificaram paralelos da letra para determinadas pessoas e situações em suas vidas. Uma letra forte e contundente. Mas como forte e contundente são algumas das escolhas que fazemos em nossas vidas.

IN YOUR PERFECT WORLD

Parece que eu apenas não posso fazer bastante
Eu nunca poderia ganhar seu amor
Por que eu deveria tentar?
Quando você nunca compartilha seus sentimentos?
Como eu poderia ser tão ingênuo?
Isso é tão duro de acreditar,
Que você supera se escondendo emocionalmente?

Não importa o que eu faça
Eu nunca meço esforço por você
Mas você só mantém aquele sorriso em seu rosto
Não importa o quanto eu tente
Você nunca está satisfeita realmente
Até que você corre e se esconde

Em seu mundo perfeito
Onde não há ninguém para culpar
Ninguém pode ferir seus sentimentos
E você não sente nenhuma dor
Todo o mundo a ama
E ninguém é "queimado"
Contanto que você esteja vivendo
Em seu mundo perfeito

Parece como todo que verifica
Em seu identificador de chamadas
Não se pode fazer uma chamada
E decepcionar suas defesas
Você não pode deixar qualquer pessoa ver
Sua real personalidade
É orgulho, ou apenas suas falsas pretensões?

Talvez uma parte de você morreu
Porque você mantém tudo dentro
Mas você ainda usa aquele sorriso em seu rosto
Parece que não importa o que eu faça
Eu apenas não posso ver por dentro de você
Mas eu sempre sei onde a achar

Neste mundo

Publicado em 28/05/2008
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POEMA DO FERNANDO PESSOA - perfeito como sempre.

Neste mundo em que esquecemos

Somos sombras de quem somos,
E os gestos reais que temos
No outro em que, almas, vivemos,
São aqui esgares e assomos.

Tudo é noturno e confuso
No que entre nós aqui há.
Projeções, fumo difuso
Do lume que brilha ocluso
Ao olhar que a vida dá.

Mas um ou outro, um momento,
Olhando bem, pode ver
Na sombra e seu movimento
Qual no outro mundo é o intento
Do gesto que o faz viver.

E então encontra o sentido
Do que aqui está a esgarar,
E volve ao seu corpo ido,
Imaginado e entendido,
A intuição de um olhar.

Sombra do corpo saudosa,
Mentira que sente o laço
Que a liga à maravilhosa
Verdade que a lança, ansiosa,
No chão do tempo e do espaço.

O Vencedor

Publicado em 18/06/2008
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Meu próximo post é uma música de autoria de Marcelo Camelo. Ironia, sempre gostei dele como compositor, muito mais do que cantor, mas agora descobri que de fato a obra dele não é para ser ouvida, mas sentida. Prometo escrever a respeito muito em breve. Aproveito e agradeço às pessoas que têm lido o blog, e vindo comentar comigo a respeito.


Olha lá quem vem do lado oposto
E vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
Sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
Levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
Vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
Só procura abrigo
Mas não deixa ninguém ver
Por que será?

E eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz.

Conversas de msn

Publicado em 04/06/2008
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Vocês já notaram como o tal do msn/skype/gtalk se tornou uma poderosa ferramenta de discussão das relações humanas? Pensem bem: quantos de vocês já não ficaram conversando sobre a vida horas com seus amigos? Falando ou ouvindo. Às vezes com pessoas nem tão próximas naquele momento, mas que naquele instante sentem necessidade de compartilhar determinadas situações. Conversas que talvez nunca tivessem oportunidade de acontecer, em outras condições.

Dias atrás iniciamos uma amiga e eu uma discussão interessante sobre caráter. Afinal, o que define o que é um bom ou mau caráter de uma pessoa? Será que cada um tem o direito de pensar e fazer indiscriminadamente o que quiser para ser feliz ou, mesmo dentro desse direito, há um limite de bom senso do que fazemos em relação às outras pessoas?
__________________
(*) diz:
Temos noções de caráter diferentes, Dan?

- Daniel - diz:
Não sei.

- Daniel - diz:
Por exemplo, quando eu nem namorava “oficialmente”, só ficava com uma pessoa há menos de três semanas... tive oportunidades mil pra ficar com um outras meninas quando viajei para Recife, mas não fiz nada que pudesse me arrepender depois. Questão de respeito a quem estava saindo comigo.
Quando, no final de um relacionamento, estava em crise e em vias de acabar, mesmo fragilizado e carente, tinha uma colombiana linda se jogando para cima de mim na festa de natal da pós-graduação...eu não dei abertura nenhuma para ela.

- Daniel - diz:
Essa é minha noção de caráter, não sei a sua.

(*) diz:
rsrsrs/

Minha noção de caráter é sempre ser honesto em tudo.

Não passar os outros para trás.

Eu me peguei pensando como as pessoas valorizam a hipocrisia.

E como isso é sinal de “status” hj em dia.

- Daniel - diz:
Frase interessante.

Mas em q sentido???

(*) diz:
É que eu não consigo enxergar beleza em alguém sem caráter.

- Daniel - diz:
Quem dera todo o mundo pensasse assim.
_____________

Naquele dia eu pensei muito no que disse minha amiga (*): “...como as pessoas valorizam a hipocrisia... E como isso é sinal de “status” hj em dia.”
Vocês já pararam para imaginar quão verdadeira é essa nossa condição hipócrita? Vivemos nos queixando de muitas coisas, mas quando somos nós que temos determinadas atitudes não é raro a gente ter sempre uma “explicação” ou uma “justificativa”.

Muita gente acha horrível a corrupção na política, mas as mesmas não falam nada se o caixa da loja cobrou menos na conta. Se alguém nos trai, é cafajeste ou vagabunda; mas se eu traio ou alguém trai para ficar comigo, é porque “acontece, a gente não controla o que sente”. Queremos segurança mas achamos abuso e “perda de tempo” quando temos que parar em uma barreira policial. Se um estranho discute em público no restaurante, é mal educado, mas se um amigo ou parente berra palavrões e xingamentos durante uma briga, apenas “excedeu-se um pouco”. Quem mais reclama do governo é quem mais sonega impostos. E por aí vai.

E nisso, estamos criando uma geração inteira de pessoas descrentes com as instituições e com os indivíduos. E adultos céticos e individualistas.

Sinceramente, ultimamente tenho refletido muito sobre essas pretensas pieguices de pensamento. Parece que ser sincero e autêntico é atestado de ingenuidade para com a vida. Será que não resta alternativa se não pensar que o “homem é o lobo do homem”? E que cada um cuide do que achar melhor para si, e esqueça-se o resto? O que vocês acham?

Do que você tem medo?? De si próprio?

Publicado em 23/05/2008
link do original: danielsblog.blig.ig.com.br/2008/05/do-que-voce-tem-medo-de-si-proprio.html

Começo este post falando do que NÃO está escrito aqui. Tinha feito mais um texto buscando temas pessoais. Mas aí pesou um pouco do sentido de auto-preservação. Mesmo assim, acho que esse texto é uma boa contribuição acerca de muitas percepções que venho tendo nos últimos tempos. E espero que fique com a cara de crônica genuína que sempre tento, como leigo, dar às minhas reminiscências.

Interessante como as pessoas se identificam com determinadas frases ou textos. E em situações completamente diferentes. As palavras são uma janela da alma. E uma janela que se molda para cada um, dentro da sua própria individualidade. Dias atrás, larguei a seguinte frase no meu msn:

"Porque os medos definitivamente nos prendem. Nossos medos nos fazem pessoas que não somos. Confie em você, e o tempo faz o resto”.

Incrível a repercussão. E como cada pessoa que veio falar comigo, se identificou de uma forma diferente com a frase. Quem estava desesperado com um trabalho final. Outra que não via perspectivas para resolver problemas profissionais e sentimentais. Ou mesmo quem tenha vindo até mim e discordado, para dizer que “Nossos medos no fundo mostram quem realmente somos” – opinião de uma futura psicóloga, tive que levar em consideração.

Vivemos em um mundo onde estamos sempre sendo tentados pelos nossos medos. Medo do que o futuro nos reserva, medo de admitir nossos limites, medo do amor ou de uma rejeição, medo de ceder o nosso próprio espaço ou nossos sonhos em nome de outra pessoa. Muitas vezes medo de confiar nos nossos próprios sentimentos, como se eles nos ludibriassem. Nessas horas muitas pessoas precisam justamente de um apoio externo profissional. Eu particularmente sempre busquei as respostas em mim mesmo, aliás não é justamente isso que um psicólogo ou psiquiatra faz? Nos conduzir ao caminho do auto-conhecimento? Por isso, embora esporadicamente eu pense não me reconhecer, é em mim, no que os outros vêem de bom e ruim em mim e no que eu acredito que encontro todas as respostas de que necessito.

Acreditar em si não é um exercício de soberba, desde que você saiba que suas qualidades não o colocam acima dos outros. Mas lhe tornam único e especial. Por isso, quando nossos medos nos dominam, é hora de olhar para dentro de si, ver o que estamos fazendo de certo e errado. As respostas quase sempre estão dentro de nós mesmos.

Like Jack Shephard

Publicado em 07/05/2008
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Calma, esse não é um texto específico apenas para fãs, como eu, do seriado LOST. Essa semana resolvi escrever um pouco sobre um dos personagens centrais da trama, mais no sentido de registrar minhas impressões a respeito da complexidade e da verossimilhança com que a arte, quando bem elaborada, acaba sendo um grande retrato de algumas das relações humanas. Atualmente assistindo a quarta temporada, fico maravilhado como os roteiristas estão conseguindo manter o suspense característico da atração, criar uma rede nunca antes vista de teorias que circulam pela internet e – também – a alta carga emocional de determinados personagens, como o protagonista Jack Shephard (Interpretado por Matthew Fox). Jack é o típico cara do qual todos depositam esperanças, ou sempre esperam algo a mais, ou diferente. É o líder que se sente impelido a solucionar os problemas das pessoas que estão à sua volta. E faz isso com o máximo de maestria possível, embora não consiga exorcizar os seus próprios demônios. Na série LOST, Jack é quem mantém as pessoas em torno de um objetivo comum, o de sobreviver em uma ilha cheia de mistérios. Mas é também o neurocirurgião famoso atormentado pelas suas lembranças, que não conseguiu lidar com a relação conflituosa com o pai, ou com a decepção de ver a mulher Sarah, que ele salvou e amava lhe deixar justamente por conta dessa ânsia dele de tentar sempre consertar o mundo à sua volta. Mais tarde, apaixona-se por Kate, outra sobrevivente do acidente de avião que o colocou na ilha, acaba vivendo um triângulo amoroso e, novamente, tem que lidar com eventuais frustrações sem deixar a própria imposição de ser o modelo a ser seguido e do qual as pessoas esperam as soluções para poder escapar da condição em que os personagens se encontram. Ao longo de todas as temporadas da série, este tem sido o foco central dos fatos da vida de Jack Shephard: a maneira dicotômica com que felicidade e frustração permeiam a vida do personagem. Jack é o personagem mais humano da série, no sentido de representar toda esta condição humana levada ao seu extremo, da miséria à redenção, e vice-versa. Quantos de nós não flutuamos entre essas duas condições, em momentos distintos de nossa vida? Quantas vezes temos que encarar o que os sociólogos definem como as máscaras que criamos quando interagimos em sociedade, para preencher determinadas expectativas, sejam elas próprias ou do que os outros esperam de nós? Como falei no início deste texto, a arte, realmente, tem uma grande capacidade de nos fazer pensar e refletir, quando bem elaborada. P.S. Escrevo esse texto após rever, pela terceira vez, o capítulo 4x10 da série LOST. Para mim, até aqui o mais emocional de todos os episódios da quarta temporada, sem dúvida.

E quem não gostaria?

Publicado em 26/04/2008
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danielsblog.blig.ig.com.br/2008/04/e-quem-nao-gostaria.html


Não sei de quem é a autoria do original, me perdoem. Está em uma página do orkut e dois ou três fotologs perdidos aí pela web. Achei o texto carregado de sentimento e fiz algumas alterações para postá-lo aqui, mais ao meu estilo. Aliás, seguindo minha tendência de "despir minha alma em público" , como meu amigo Cristóvão diz que faço neste blog, nunca as entrelinhas de um texto estiveram tão carregadas de significado! Aproveitando que minha fase romântica parece estar de volta...

“Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém. Assim, sem precisar procurar no meio da multidão. Alguém comum, sem destaques evidentes, sem ares de princesa ou dentes perfeitos. Alguém de quem pudesse me aproximar sem ser evasivo ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante. Alguém com quem eu pudesse conversar sobre literatura, música, política ou simplesmente sobre o meu dia. Alguém a quem eu não precisasse impressionar com discursos inteligentes ou com demonstrações de segurança e auto confiança. Alguém que me enxergasse sem idealizações exageradas. Alguém que pudesse levar ao cinema e, depois de um filme sem graça, conseguisse dela roubar boas gargalhadas. Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras. Eu queria não precisar usá-las e ainda assim não perder o mistério ou o encanto dos primeiros dias. Alguém que segurasse minha mão e tocasse meu coração. Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse na essência. Alguém com quem eu pudesse APRENDER e ENSINAR sem vergonhas ou prepotências. Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga, ou que eu pudesse tirar a razão sem que isso lhe ameaçasse. Que me dissesse como eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrado. Alguém que pudesse olhar nos olhos quando falo, sem lhe deixar intimidada. Que não depositasse em mim a responsabilidade exclusiva de fazê-la feliz para com isso tentar isentar-se de culpa quando fracassássemos. Alguém de quem eu não precisasse, mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo. Alguém com qualidades e defeitos suportáveis. Que não fosse necessariamente tão bonita e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção. Alguém educada, mas sem muitas frescuras. Engraçada e, ao mesmo tempo, que levasse a vida a sério, mas não excessivamente. Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. Eu queria sair por aquela porta e conhecer uma pessoa IMPERFEITA. Mas feita para mim, e mais ninguém."

Ano novo, blog novo!!!

Este é o novo endereço do meu blog!! O antigo (http://danielsblog.blig.ig.com.br/) ficará ativo, mas a partir de agora as novas postagens serão todas direcionadas aqui. Antes disso, passarei os melhores textos de 2008 para cá. Abraços a todos.