14 de outubro de 2010

Orgulho e preconceito

Existem certos sentimentos que convivem muito próximos, perigosamente separados uma linha muito tênue.

Orgulho e preconceito são dois conceitos que, por exemplo, volta e meia se confundem. Orgulho, no sentido positivo da palavra, é bom, nos engrandece, nos traz satisfação conosco mesmos ou com algo que fazemos, conquistamos ou admiramos. Porém, é muito fácil, e por isso tão perigoso, acharmos que nosso orgulho sirva como um instrumento de diferenciação social. E aí o orgulho toma a conotação negativa que tem, e geralmente vira preconceito: puro, simples e condenável, sob qualquer espécie.

Considero-me um bom observador, no sentido de que gosto muito de “ler” situações e pessoas, em circunstâncias específicas. Existem certas situações que são sintomáticas de orgulho e preconceito. Pequenas, grandes, veladas ou escachadas. Por exemplo, aqui no sul do Brasil onde vivo existe um grande orgulho – do qual compartilho - da nossa história, das nossas iniciativas e posições como povo. Algo que desperta admiração não só entre nós, mas também de muitos que nos percebem orgulhosos de nossas raízes. Ocorre que muitos não têm orgulho do povo que somos, mas do povo que seríamos comparativamente a outros. Como se houvesse um manual do “melhor” e do “pior” de como definir-se como ser humano, em se tratando de relações sociais, laborais ou comportamentais. Como se essa condição de orgulho não enaltecesse nossas qualidades, mas nos diferenciasse, no sentido sectário do “diferente”. E daí, volta e meia, advém vários conceitos prontos que na boca das pessoas soam como verdades incontestáveis e que na verdade são preconceitos sem nenhuma validade prática.

Outra situação bem comum se dá em determinadas situações sociais. Várias vezes presenciei cenas onde uma pretensa “classe”, “bom gosto” e “requinte” me são, veladamente, sugeridas como uma forma de diferenciação, auto-promoção, ou, se preferirem, de orgulho - no mau sentido da expressão. Se essas pessoas soubessem que nesses momentos sempre contenho um sorriso irônico de absoluta indiferença àquilo, talvez não me tivessem em tão alta conta. Educação e classe para mim não respeitam segmentação financeira, mas são claramente diferenciadas pela postura e caráter das pessoas. Talvez por isso quem me conheça bem saiba (ou estranhe) que eu dou a mesma atenção social para um funcionário empoeirado ou uma dama da sociedade X ou Y jantando comigo.

Resumindo, orgulho só é bom quando não acusa nossas próprias vaidades. Caso contrário, é ostentação, soberba...ou preconceito.

9 de outubro de 2010

Sorrisos

Às vezes um sorriso leve tem um poder bem maior do que qualquer argumento técnico. Ok, não é bem assim sempre, mas a verdade é que as pessoas não percebem que toda sua qualificação profissional ou pessoal tem melhor resultado quando você a aplica com alegria, com a satisfação serena de quem confia em si próprio e nas suas escolhas de vida.

Atualmente, tenho passado por um momento profissional bastante conturbado, com um volume de trabalho que deixaria qualquer um louco. Pois algumas semanas atrás saí de uma reunião de trabalho e a pessoa que estava debatendo questões muito difíceis de serem resolvidas ressaltou a tranqüilidade e a segurança que eu aparentava frente à situação. E era, de fato, verdade. Não sei se é ingenuidade minha, ou mesmo despreocupação exagerada, mas o fato é que estou sempre tentando olhar os desafios da vida de forma positiva. Não se enganem, também tenho meus momentos de estresse, desilusão, arrependimento.  Mas não deixo esses sentimentos se transformarem, na maioria das vezes, em uma angústia ou ansiedade desesperada. Acreditem, faz muito bem viver a vida propositivamente. Se você age ou vive tenso, perturbado, isso reflete não somente em você, mas também nos outros. E, como dizem os sociólogos ou antropólogos, todos nós somos, no limite das nossas consciências e das nossas relações sociais, não somente o que somos de fato, mas também o que deixamos transparecer para as pessoas.

Considero-me uma pessoa privilegiada, pelo fato de que esse tipo de comportamento, no final das contas, faz bem não somente a mim, mas ao que parece também para pessoas à minha volta. Pelo menos tenho essa impressão, não sei se justamente por causa ou por conseqüência disso. É um sentimento bom, recompensador. E são de sentimentos bons que precisamos nas nossas vidas, apesar de todas as inevitáveis dificuldades.