31 de maio de 2009

Quando o que queremos está (ou não) ao nosso alcance


Não sou daquelas pessoas que idolatram Paulo Coelho como um grande autor, muito menos adoto o discurso intelectóide de que o que ele escreve não é literatura. Tanto que até hoje li apenas um livro dele, O Alquimista, e gostei. Mas também por enquanto não me interessei por ler nenhum outro livro dele.

Estava lembrando do livro no dia que escrevi este texto. Da história dele.

Ele faz referências veladas ao chamado caminho de Santiago de Compostela, contando a história de um pastor que partira da Espanha, dos montes da Andaluzia impulsionado por um sonho que teve com um tesouro, o que o leva por uma longa viagem até o Egito - onde descobre que o tesouro sempre esteve enterrado nos montes da Andaluzia, exatamente no local onde ele o havia sonhado. Embora o objetivo central do enredo seja justamente fazer uma metáfora sobre o processo de auto-conhecimento, acho que a história se presta também a outras reflexões. Justamente as que eu estava tendo enquanto escrevia este texto.


O ser humano, de modo geral, é alguém que sonha. Idealiza. Tem fé. Por vezes, entretanto, passa à incredulidade. Ceticismo. Desgosto. Às vezes ainda, por exigir tanto de si mesmo e dos outros, deixa de perceber que a felicidade está bem ali, ao lado, sendo oferecida, mas pensa demais, analisa demais, perde tempo julgando as possibilidades, os limites. Precisa da longa viagem ao Egito para perceber que o tesouro está ali, na Andaluzia, aos seus pés. Não que seja interessante jogar-se indiscriminadamente às emoções que sentimos, pelo contrário. A razão é sempre aquela que impede nossa alma de alçar vôos maiores do que ela pode suportar. Mas como é comum a gente não se permitir ser feliz por medo de repetir velhos erros, ou achar que histórias perfeitas não existem. Está certo, elas não existem mesmo, mas quando a gente quer, podemos chegar muito próximo do final feliz que idealizamos, ou que nos emociona no final da sessão do cinema.

Eu, pelo menos, espero nunca perder essa convicção.
Não quero acreditar que a vida nos torna mais duros, menos exigentes. Nos torna mais flexíveis, mas isso não precisa ser sinônimo de menos sonhadores. No final das contas, vale a frase feita:

"As pessoas que vencem neste mundo, são as que procuram as circunstâncias de que precisam e quando não as encontram, as criam".


Difícil? Bem mais fácil do que transformar metal em ouro como queriam os antigos alquimistas
...

30 de maio de 2009

Pensamentos de blogueiro(*)


Muitas vezes quando venho aqui escrever, preparo um texto em cima de um assunto ou situação do qual queira falar, reviso, releio umas duas ou três vezes e penso: hum, não está como eu gostaria. Sou muito exigente com o que escrevo, confesso, e tenho vários e vários textos que escrevi e estão guardados – e possivelmente nunca serão publicados – pura e simplesmente porque não os considero “fechados” ou suficientemente bons para transmitir a idéia que eu desejava transmitir.


Ser exigente consigo mesmo tem seus lados positivo e negativo. Quem também é assim sabe bem do que estou falando.

Além disso, tem algo curioso que acontece comigo, como blogueiro(*). Blogs são muito dinâmicos, no sentido de que os textos publicados vão ficando para trás, esquecidos em uma velocidade muito rápida. É preciso sempre que possível mostrar material novo, para que as pessoas continuem interessadas naquilo que você está escrevendo e oferecendo a elas. Mas eu tenho certa dificuldade de publicar às vezes, justamente por ver um texto que eu julgo bom ser “substituído” por outros nem tão bons assim. O ranking de textos mais lidos do blog, ali à direita, ajuda um pouco a preservar a “memória” dos leitores anteriores, mas ainda é insuficiente. Por isso volta e meia eu venho aqui e sugiro algumas “(re)leituras” para os antigos e principalmente os novos visitantes. Acho que é uma prática que todos os autores de blogs deveriam utilizar. Afinal, às vezes textos muito bons são publicados e lidos por uma dezena/centena de pessoas durante uma semana, e depois caem no ostracismo. Uma pena.

(*) Nota: Embora eu mesmo me descreva como "blogueiro" nesse post, não gosto muito dessa definição. Eu sou um escritor de crônicas e memórias da minha vida. Amador e pretensioso. Se preferirem, ainda, um autor de textos para blogs. Isso porque "blogueiro" soa muito geek para mim...

25 de maio de 2009

Blogs que tenho encontrado por aí...

Algo interessante que tenho notado dentro desse ambiente virtual de blogs é que existe de fato muita coisa boa para ser lida por aí. Há muita informação disponível, muito entretenimento, muita gente querendo compartilhar, como eu, seus pensamentos e inquietudes sobre o mundo e as pessoas. Pude perceber também que blogs são uma ótima oportunidade de estender sua rede social – de uma forma muito mais aprazível que o Twitter, por exemplo.

Bom, vou colocar abaixo algumas dicas de blogs que, pelos mais diferentes motivos, podem interessar vocês.

O Dicas blogger é um dos melhores sites brasileiros sobre ferramentas para blogs. Ali é possível encontrar muitos tutoriais, templates, widgets, códigos e scripts para incrementar o seu blog. Recomendo para quem quer personalizar seu blog.

“Sobre o tudo e sobre o nada” é um dos blogs que mais tenho acompanhado ultimamente. A autora permeia seus textos entre assuntos cotidianos e ótimos momentos de reflexão, o que a faz produzir ótimas frases como “Agora só quero estar com a pessoa certa sem motivo algum. Só que cada vez mais a pessoa certa para estar parece ser eu mesma...” ou “estou aqui eternamente procurando um lugar a que pertença e algo para acreditar e vivo com uma saudade assimilada que ninguém nunca rouba de mim.”

Da mesma forma, “Meu quarto-crescente”, é um blog que apresenta ótimos textos sobre os pensamentos e as perspectivas de vida de Clari, a autora. Ela me passa a impressão de ser alguém que, se um dia encontrasse, possivelmente ficaria horas e horas conversando sobre a vida sem ver o tempo passar.

“Sei lá, mil coisas”, também é um endereço com vários textos que valem a pena ser lidos. Destaque para as crônicas da personagem fictícia Lavínia.

Para quem gosta de jornalismo opinativo, os blogs do Carlos Azenha e do Observatório da Imprensa são uma boa pedida.

Outras boas dicas: Poesias da Língua Portuguesa (coletânea de poetas luso-brasileiros); Mudando o Mundo (Poesias e um olhar sobre Deus e o mundo, por Luciano Martini); Ligado em Série, um blog mantido por Bruno Carvalho, colunista do IG. Parada obrigatória para quem gosta de séries televisivas. Para quem curte Tecnologia da Informação, o Projeto Darwin do meu amigo Leandro também apresenta muita coisa interessante.

Aliás, não podia deixar de citar os blogs dos meus outros amigos: Meu nome não é Aline (histórias de uma brasileira na Espanha); Artigolândia (Ricardo, outro engenheiro afeito às palavras discutindo séries de TV, política, viagens e muito mais) Piripimpim (Dani mostrando seu estado de espírito através do Blog); Com ser tão (Cristóvão fala de filosofia e futebol no sertão da Bahia), Fernando’s Blog – assuntos leves do cotidiano.

O texto ficou longo, mas eu realmente ando lendo muita coisa... sugestões de blogs? Deixe nos comentários.

22 de maio de 2009

Música para relaxar

O vídeo original (pode ser visto aqui) é bem melhor, mas só consigo incorporar esse aqui ao blog. Billy Currington. Quebrando um pouco os textos reflexivos (que voltam em seguida, não se preocupem, hehe)

18 de maio de 2009

Uma questão de fé?


Semana passada assisti os últimos capítulos da quinta temporada de LOST. Já escrevi aqui no blog antes sobre o seriado, mais precisamente sobre o personagem Jack Shephard. Meu amigo Ricardo do blog Artigolândia também já publicou material sobre a série recentemente. Bom, hoje vou usar o seriado para falar um pouco sobre fé.

Os observadores mais atentos do seriado já devem ter percebido que o enredo da trama é permeado o tempo todo pela dicotomia entre fé X ciência, confiança nas pessoas X racionalidade de ações. Não por acaso, muitos dos nomes dos personagens fazem referência a grandes cientistas e pensadores (Faraday, Locke, Bakunin, Hume, Rousseau...), fora diversas analogias bíblicas (e a figura de "Jacob"). Ao longo das cinco temporadas, os “lostmaníacos” têm a oportunidade de acompanhar não só um seriado de suspense, mas também uma grande reflexão de como devemos nos comportar ante ao desconhecido. Os personagens estão sendo testados o tempo todo, tendo que tomar decisões baseadas na fé em algo que eles a princípio não compreendem, ou em um ceticismo pressupostamente “racional”. Além disso, percebem que cada decisão que tomam afeta não somente a eles próprios, mas a todos que estão a sua volta. Tal qual os flashbacks de atitudes passadas dos personagens revelam como a personalidade deles foi moldada até aquele momento.

Nessa quinta temporada, acho que a questão da fé como elemento de decisão do ser humano foi levada ao seu extremo de reflexão. Até onde a fé deve nos guiar? Será que a fé nas pessoas nos conduz à salvação ou à ruína? O que acontece quando nossas convicções na realidade estão nos cegando para a verdade? Realmente há um “propósito” em tudo que fazemos? Existe destino? Ele pode ser mudado? Isso é LOST...


(P.S. Para não ficar apenas no clima filosófico, aproveito para falar que LOST também tem seu lado de reflexão sobre as relações humanas. Eu acho brilhante a forma que os roteiristas da série conseguem conduzir questões como o coração partido do Jack, que está disposto a alterar o passado para não sofrer de amor no futuro, ou pelo contrário a vontade de Kate de não perder tudo o que viveu ali na ilha. Juliet perceber que “você amar e ser amado não significa que vocês vão ser felizes juntos”; O quadrado amoroso Jack-Kate-Sawyer- Juliet, com todas suas nuances, ao mesmo tempo que irrita, emociona... e faz pensar.)


(P.S. 2: para quem acompanha a série: ainda que Sawyer tenha sido o principal personagem dessa quinta temporada, eu continuo fã do Jack, apesar de todas as burradas que ele fez...)

12 de maio de 2009

Saudade não dói


Hoje decidi escrever sobre saudade. É, essa saudade que ao mesmo tempo em que deixa triste por ver tudo aquilo que já passou e não volta mais, ao mesmo tempo prova o quão boas são as nossas lembranças, e a nossa vida em si, a ponto de deixar marcas em nosso coração. Acho que quem teve uma vida ruim tem pouca coisa para sentir saudade. E quem sente muita saudade, sente de coisas que valeram a pena, ou de uma vida cheia de lembranças boas para recordar. Pois esses dias me bateu uma saudade... Eu também sinto saudade, sabe? Não aquela saudade deprimente, mas aquela alegria nostálgica de tudo de bom que vi e vivi.

Saudade de sentar com Cristóvão e Tiago e discutir a beleza e a insensatez do mundo; saudade do Cristóvão e do Tiago, simplesmente; Saudade de ouvir a voz fininha da Aline dizendo “Ave, Maria...”; saudade de ouvir os risos da Dani, Angel e Lu juntos; De passar o fim de semana com elas. De correr no gasômetro com o Jack. Saudades do NORIE quando viajo para dar aula, mesmo sabendo que dois dias depois eu estou de volta. De tomar café com a Fernanda e o Daniel (resmungando) no Armazém da Esquina; saudade da infância quando comia aquele sorvete Eskibon que vinha numa caixinha de papelão (que velhooo). De quando podia ficar sentado na frente da Escola de Engenharia jogando conversa fora com o Fernando, Gustavo, Ricardo, Eduardo... saudade do meu irmão implicando que meu quarto é uma bagunça ( e é mesmo); saudades de Fortaleza!!! Saudades da minha prima Carol e de passar o carnaval na beira da praia com ela em Floripa. Saudades de dançar forró com a Valéria na festa de São João do NORIE; saudades de comer um founde de chocolate à luz da Lua, no meio da rua em pleno inverno, na praia de Xangri-lá; ou em Gramado, na frente de uma lareira. Saudade de andar de bicicleta embaixo do Sol. Saudade de jogar futebol uma vez por semana (eu vou reorganizar, calma pessoal!!!); Saudade de mandar flores. Saudades do perfume dos cabelos da Juliana entrando na sala de aula, no colégio. Aliás, saudades do colégio e do Grêmio Estudantil. Saudades de conversar horas e horas com a Angela sobre a vida. Saudade dos jantares nordestinos para 25 pessoas dentro do apto de 60 m² da meninas. Saudades da minha avó. Ou de ficar vendo fotografias com a Vó Gladys.

Saudade de tudo de bom que eu vivi. Saudade, enfim, de tudo de bom que estou vivendo hoje e, um dia, vai virar lembrança. Boas lembranças. Como essas que eu citei agora.
De tudo que foi, de tudo que é, e de tudo que vai ser.

4 de maio de 2009

Como peças de um quebra-cabeça

Sábado à noite estava em uma roda de amigos quando conversávamos sobre o tipo de personalidade que um engenheiro desenvolve durante a faculdade. Bom, não é bem sobre isso que quero discutir hoje, talvez em uma próxima oportunidade. Meu texto hoje começa a partir da minha resposta – que eu não era um bom parâmetro de perfil de engenheiro, pois “sempre fui um engenheiro que gostava mais das palavras do que dos números”. Naquele exato instante percebi que tinha falado uma frase que me definia muito bem. Não por acaso, acabei entrando na vida acadêmica e trabalhando com tecnologia de materiais ao invés de cálculo estrutural, por exemplo. Aquele momento foi suficiente para inspirar o assunto do qual escrevo agora: como frases e situações marcam nossas vidas e moldam nossas personalidades?

Certa feita, vi uma entrevista no programa do Jô onde um filósofo (Mário Sérgio Cortella) disse: “Não nascemos prontos e vamos nos desgastando, nascemos não-prontos e vamos nos formando ao longo da vida”. Acho que a maioria das pessoas não percebe, mas nossa personalidade vai sendo formada gradativamente com os anos, porém com alguns sobressaltos, momentos emblemáticos que nos marcam de tal forma, que não somos mais a mesma pessoa depois do que vimos ou vivemos. Esse processo é mais evidente na infância/adolescência, mas acredito firmemente que ele permeia toda nossa vida.

Sobre momentos emblemáticos, eu tenho os meus. Aliás, eles nunca param de, surpreendentemente, aparecer em minha vida. Tentei lembrar de algumas dessas situações-chave para publicar aqui. Confesso que foi bem fácil. 
Algo que lembro sempre foram os dois livros que minha mãe me deu de presente assim que aprendi a ler: o primeiro, “Boas maneiras”, era um livrinho ilustrado bem bobinho, mas que ensinava coisas básicas como dizer muito obrigado, ceder lugar aos mais velhos, saber escutar com atenção quem fala conosco, abrir a porta para alguém. Eu li aquilo com tanto cuidado que tenho certeza que foi algo que, inconscientemente,  passou a fazer parte da educação e cuidado que tento ter, como adulto, até hoje com as pessoas. O segundo livro foi o famoso “O menino maluquinho”, do Ziraldo (que depois de ler eu rabisquei e pintei todinho). Me marcou o final do livro que dizia mais ou menos assim: “E aí o tempo passou. E, como todo mundo, o menino maluquinho cresceu. Cresceu e virou um cara legal! Aliás, virou o cara mais legal do mundo! Mas, um cara legal mesmo! E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho, ele tinha sido era um menino FELIZ!”. E eu, aos 8 ou 9 anos de idade, li aquilo e determinei que eu tentaria ser um cara legal também. 

Eu fui lembrar-me dessa passagem do livro anos mais tarde, aos 17 anos, quando na formatura do colégio ouvi minha professora de química dizer: “Se posso deixar uma mensagem para vocês, que seja essa: tudo que vocês vierem a fazer no futuro, como Homens, como profissionais, o façam com paixão!!”. Acreditem, lembro dessas palavras até hoje. E até hoje tento colocá-las em prática em tudo na minha vida. Viver a vida com paixão, e deixar que minha paixão pela vida se reflita na vida das pessoas à minha volta. Difícil, mas extremamente compensador, na maioria das vezes.

Haveria tantos outros momentos que marcaram, mas com certeza não caberiam aqui. Momentos de amor, de decepção, de alegria. De reflexão ou confirmação da minha fé em Deus e nos homens. Os momentos emblemáticos que fazem de mim o que eu sou, e não outra pessoa. Adoro conversar sobre isso. Quem sabe em uma próxima roda de conversa com os amigos?

Como peças de um quebra-cabeça, na vida tudo acaba se encaixando...

1 de maio de 2009

Atualizando dados do blog

Desde janeiro, quando substituiu meu antigo endereço, até a última semana de abril este blog ultrapassou a marca de 1000 visitas, motivo pelo qual agradeço publicamente todos os leitores, assíduos ou não, dele.

Atualizando os dados do google analytics, nos últimos 30 dias esse blog teve:

- 115 visitantes diferentes que realizaram 361 acessos ao site;
- 624 páginas exibidas nesse período;
- Principais países de origem das visitas: Brasil (338), Estados Unidos (15) e Irlanda (4)
- Mais visitados no período: home (página inicial), "Do que você tem medo..." e "Visceral"