21 de julho de 2009

A loira e o copo plástico


Conforme prometido quando escrevi o post do dia mundial do rock, vou reservar um espaço para contar algumas histórias de shows que assisti. Aqui a primeira.

Às vezes lembramos mais de um espetáculo pelas histórias que o envolvem do que propriamente pelo artista em si. Foi assim em 2005. Fui ao show do Lenny Kravitz. Muito bom. Não o melhor que assisti, mas certamente o que me traz mais lembranças engraçadas.

Estádio Olímpico com 25 mil pessoas, entre elas eu e meu amigos Cristóvão, Gugão e Edna. Como moro perto, fiquei esperando eles chegarem. Combinamos 20 hrs. Eram 21 hrs e nada...eu irritado com a demora e quando eles chegam me dizem que tinham decidido vir a pé ao invés de táxi. No caminho, foram parando em vários bares e, em um deles, Cristóvão diz que encontrou o banheiro mais surreal que já viu. Um cubículo tão pequeno que a pia ficava logo acima do mictório. Um dia ainda encontro esse bar e tiro uma foto. Ingresso na mão, entramos no estádio. Tentamos chegar o mais perto possível do palco, mas havia um tal de espaço VIP com cadeiras em frente. Absurdo. Colocar camarote bem ali, onde é o espaço do público pular, vibrar, dar o tom da energia do show...mas, enfim...

Público chegando, chegando, e nessas horas a gente vê como é bom ter mais de 1,80m. Ainda que a visão não fosse lá das melhores, conseguia ver bem o palco. Luzes piscando, som aumentando, bem como a ansiedade e o frenesi. Então olho em volta e vejo uma mulher ao nosso lado. Nossa. 1,75m, longos cabelos loiros cacheados, bronzeada de Sol... Calça jeans apertada, top branco com um generoso decote. “Ahh, Porto Alegre...” foi o que comentou Gugão, que é pernambucano. Nessa altura Edna já havia conseguido um espaço mais à frente do palco e ficamos ali, Cristóvão, Gugão e eu, maravilhados. Foi então que ela, em um movimento, coloca o braço para cima para soltar um gritinho típico de “uh-huuu” (imagine a cena em câmera lenta, os três patetas de olhos arregalados ao lado e aquele lindo braço bronzeado e torneado elevando-se), eis que ela deixa à mostra... o...o... Sovaco MUITO cabeludo!!!!

Decepção total. Era melhor voltar ao show, que estava começando.

Fly Away, Can’t Get You Off My Mind, It Ain’t Over ‘Til It’s Over… e o público cantando. Músicos bons, destaque para a baterista (sim A baterista) Cindy Blackman, que consegue trazer as influências da sua formação em jazz para o palco, mesmo em um show de rock. Segue o show. American Woman, Again (minha preferida), Are you go my way. Eis que inicia um tumulto na área VIP, e Lenny para o show. “Viemos aqui celebrar o amor, não a violência, cara”, diz ao brigão. Rock and Roll is Dead, Dig in... e a noite seguiu, em quase duas horas de show.

Fim. Público satisfeito, nós também.

- Tenho que ir ao banheiro - comento.
- Eu já fui.
- Como assim, Gugão? Tu não saíste do nosso lado o show inteiro!
- Tinha muito tumulto para sair daqui, fiz no copo plástico da cerveja mesmo.
- Putz, no meio do público??? Como você conseguiu isso?
- Abri o zíper e fiz no copo, meio escondido...pior q o copo foi enchendo, enchendo... cara, tive q interromper no meio porque ia transbordar!!
- Sorte que a loira do sovaco cabeludo não viu isso, hein? Vai que ela se apaixonasse...

16 de julho de 2009

Homo homini, lupus est


Você já parou para pensar quanto do nosso discurso é teoria e quanto do nosso discurso é prática? Quais são os valores que achamos certos e quais valores conseguimos efetivamente colocar em prática no nosso dia a dia? Antes de você, após ler isso, iniciar um processo de auto-flagelação ou de condenação alheia, uma importante ressalva: essas reflexões não têm objetivo de condenar nossos comportamentos. São apenas uma forma de explicitar nossa condição humana em palavras. Vivemos um eterno conflito interior entre o que achamos que são atitudes que devemos ter e esperar das outras pessoas, e as que acabamos realizando ou aceitando, convenientemente, por diferentes razões. Por vergonha de uma reação questionadora, por amizade, por medo de reprovação ou da solidão, fazemos vista grossa, relativizamos cláusulas éticas antes pétreas nas nossas vidas. Buscar a felicidade é uma condição instintiva do ser humano, mas os percalços que insistem em atravessar a nossa frente e nos porem à prova por vezes são cruéis. Exigem tomadas de posição que nem sempre podemos ter. E nos forçam a, muitas vezes, dissimular. Até que ponto isso é aceitável? Aliás, isso é aceitável? Será que o politicamente correto às vezes não invade excessivamente nossa vida? Ou será o contrário, deixamos o correto de lado para nos favorecer quando necessário? Será que é errado querer que as pessoas tomem posição ou partido das coisas nas suas vidas, mesmo quando os momentos não são tão favoráveis? Ou será que a vida em sociedade seria um inferno se cada um não abstraísse um pouco certas coisas às vezes? Sim, hoje estou filosófico demais, nem sei se eu me entendo aqui...

Afinal, não é o mesmo cidadão que omite dados no imposto de renda (“afinal, todo mundo faz isso, por que eu vou ser o único bobo a não fazer?”) que depois reclama da esperteza dos políticos que desviam dinheiro público? Não é apenas uma diferença de escala entre um e outro? E quando você critica a violência e a impunidade, agiria igual se fosse seu filho que estivesse dirigindo bêbado e fosse acusado de causar um acidente? (“Ele é um menino bom, estudioso, de família... não pode ter a vida estragada só porque cometeu um deslize momentâneo”). Essa relativização ao mesmo tempo em que nos salva, nos condena. Será que em cada momento que fraquejamos, em que temos medo do desconhecido, não matamos um pouquinho de nós mesmos dentro da gente? Se, ao contrário, mantemos nossas convicções inabaláveis, não serão elas que talvez (justamente) nos alavanquem no caminho da felicidade? Ou será que realmente existe a questão da escala?

Juro para vocês que não tenho a mínima idéia do que quis escrevendo isso, mas veio a minha mente essa história, e achei interessante publicar.

O homem é lobo do homem. Pior que isso, às vezes nós somos lobos de nós mesmos.

14 de julho de 2009

Mais um Dia Mundial do Rock



Hoje blogs e mais blogs falaram sobre o dia mundial do rock. Esse gênero musical que surgiu na década de 50/60 contagiou o mundo inteiro e se desdobrou em uma infinidade de estilos. O que Bill Haley e Chuck Berry tocavam no passado hoje em dia nem de perto lembra o que algumas bandas apresentam em termos de rock. Dançante, libertária, rebelde, obscura, experimental ou simplesmente contracultura, o rock tem seu lugar cativo na história e, ao contrário do que apregoam alguns de tempos em tempos, ele nunca vai morrer: vai apenas se repaginar, se recriar, se redescobrir e seguir assim, assimilado nas mentes e corações de todos os fãs. Fica aqui registrada também minha reverência.

Hoje relembrei algumas histórias sobre shows de rock que assisti ao longo desses anos e tive uma ideia: vou criar um espaço aqui no blog para contar algumas situações engraçadas, ou mesmo minhas impressões sobre diferentes apresentações de rock, principalmente, mas não exclusivamente. Percebi que material não falta. Meu sonho realizado de ver o Kiss em 1999, meu momento “headbanger” vendo Deep Purple. O Scorpions e Nightwish juntos em um mesmo festival, Lenny Kravitz (esse show tem várias histórias), ouvir Eric Clapton e Roger Waters no pátio de casa, ou mesmo a vez que uma virose me tirou do show do Rush. Concrete Blonde, ou o primeiro show do Little Joy no Brasil, aqui em Porto Alegre. Men at Work. Fatboy Slim no carnaval de Floripa. Isso sem citar os shows nacionais.

Aguardem.

7 de julho de 2009

Twitter X Blogs


O microblog Twitter definitivamente virou febre na internet. Embora não seja novo, transformou-se em capa das mais diversas revistas de tecnologia ou reportagem nos jornais e televisão. Já vimos esse filme antes, com os flicks, fotologs e Orkut. Tudo começa com uma rede social pequena, seguido de um “boom” de novos usuários e depois uma queda e estabilização. A possibilidade de trocar informações com velocidade e facilidade é o principal atrativo do twitter. Além, é claro, do “glamour” de poder acompanhar celebridades que parecem ter adorado a nova ferramenta – desde hollywoodianos como Ashton Kutcher e Demi Moore até nosso impagável Luciano Huck ou o Marcelo Tas.


Uma nova discussão parece, agora, surgir: o twitter irá acabar com os blogs tradicionais? Segundo a visão dos “twitters”, as vantagens do sistema em relação aos blogs seriam as seguintes (que você pode acompanhar ilustradamente clicando aqui):

- mais fáceis de escrever;
- mais fáceis de ler;
- as pessoas respondem e comentam mais e mais rapidamente;
- mais fácil acesso de pessoas ao conteúdo;
- menos indiscreto que os blogs ( o que querem dizer com isso?).

Minha opinião a respeito? Blogs e Twitter têm seus espaços e públicos distintos. O Orkut não acabou com a disseminação do Facebook no Brasil. Os fotologs perderam força, mas estão ainda aí, para quem quiser participar. Blogs e twitters tem padrões de informação diferentes. Blogs possibilitam que, como esse texto, se possa fazer uma reflexão maior acerca de um assunto, sem ter que colocar um link. Participo do twitter, ele tem coisas boas, mas no geral é muito chato. Pessoas usam ele sem critério. Eu não quero adicionar uma pessoa para receber 40 mensagens por dia do tipo “bom, dia, vou tomar café”; “hoje tenho festa, com que roupa eu vou?”. Tem gente que escreve de 10 em 10 minutos durante 3 horas seguidas. Se você é um desses, pode ter certeza: vou te bloquear!

O twitter é um retrato da velocidade da informação nos dias de hoje. Mas é também um retrato dicotômico de duas realidades: pelo lado bom, o desejo do ser humano de socializar-se, e pelo lado ruim, de querer informação facilmente “digerível”, sem precisar pensar muito. Pensar um pouco não dói não!!!