26 de maio de 2010

Porque uma vida não basta ser vivida, tem de ser sonhada


Então, acabou. Foram 6 anos tensos, intensos, permeados de emoção, angústia, mistérios. Como não me causou surpresa alguma, grande parte dos fãs de LOST acharam que o final da série não correspondeu às expectativas, ou deixou em aberto muitas perguntas. Na contramão destas opiniões, fiquei maravilhado com o que vi nos dois últimos capítulos, que encerraram a saga dos “losties” nesta última semana. O encerramento, com os olhos de Jack fechando-se lentamente são pura arte, quando lembramos que o seriado iniciou-se 6 anos atrás de forma semelhante, com Jack abrindo os olhos em meio ao acidente de avião que o colocou na misteriosa ilha.

J.J. Abrams, o criador e produtor, foi genial ao sair do lugar comum em todos os momentos da série. E foi assim até o final. Ao nos dar pistas de que não se tratava de uma história pura e simples de acidente de avião. Depois de que não se tratava de mistérios de cunho filosófico ou transcendental, embora desde nomes de personagens até estátuas nos remetessem a tais indagações. Por fim, nem mesmo as divagações do meu amigo Ricardo do blog Artigolândia sobre bem X mal, tampouco minhas suspeitas sobre fé eram o foco. Ou talvez fossem, no fundo, ambas as coisas. Mas não o bem X o mal representados em duas pessoas, ou a fé em algo místico. A sexta temporada foi uma reflexão sobre o bem X o mal que existem em cada um de nós, e a fé em nós mesmos, e nas conseqüências de nossas decisões.

E eu não tenho vergonha alguma de confessar que me emocionei com o final do protagonista, Jack Sheppard (dois anos atrás escrevi sobre ele aqui). Nessa nossa sociedade pós-moderna que sempre tem a tendência de enaltecer a figura de um anti-herói, como os personagens de Ben, Sawyer ou Locke, por exemplo, eu sempre me identifiquei com a figura de Jack. O herói atormentado pelo seu senso de dever, aquele que busca incessantemente a redenção do herói mesmo sabendo do sacrifício que está por trás disto. Foi assim até o final. E mais uma vez J.J. Abrams nos brindou mostrando que às vezes o final mais perfeito ou emocionante não está necessariamente no “felizes para sempre” do casal de protagonistas, mas sim na perfeição dos sentimentos entre as pessoas.

Vou ter saudades de LOST. Não só dos mistérios dos quais todos buscavam respostas, mas da aula de relações humanas da série.