Internacionalmente, não dá para negar que os EUA foram o foco principal. Vindos de uma época de estabilidade com Bill Clinton e ainda absorvendo a primeira década sem Muro de Berlim e sem União Soviética (ou seja, sem guerra fria), a ascensão (duvidosa) do pífio George W. Bush e o ataque às torres gêmeas foram um cartão de visita do clima conservador que foi imposto à America e que alavancou guerras com intenções econômicas travestidas de políticas. Aliás, como a maioria das guerras. E a conseqüência disso foi, como de fato Ricardo comentou em seu blog, o início do fenômeno Barack Obama. Confesso: sou fã do Obama. Li um livro sobre ele e já participei de debates no Orkut na época eleitoral. Ele é a “audácia da esperança”, como o livro que ele mesmo escreveu diz. Mas concordo quando dizem que ele é a pessoa certa na hora errada. A missão de curar as cicatrizes de uma administração imbecil como a de Bush e da crise de 2008 são missões inglórias, que talvez nem mesmo seu brilho pessoal possa ajudar a reverter.
Por falar em esperança, foi ela que venceu o medo e alavancou Lula à presidência, à despeito da desconfiança de muitos, além da Regina Duarte. E entramos, assim, no cenário nacional. Diferente do Obama, a vida do nosso presidente foi facilitada por uma meritória estabilidade alcançada por uma administração técnica do seu antecessor, FHC. Mas era preciso mais. Um país com as diferenças e desigualdades como o nosso precisava de mais. Se Lula era a única ou a melhor opção, não sei, mas foi ele que de fato conduziu o país, ajudado ou não por condições favoráveis, a um período de desenvolvimento, com mudanças de paradigmas importantes. De ruim, o fato da nossa política estar cada vez mais desmoralizada nos seus mais diversos escalões, mas que por favor ninguém venha culpar a democracia por isso... políticos são reflexo da sociedade que os elege.
Por fim, tenho certeza que o Ricardo gostaria que eu fizesse um contraponto ao que ele chamou de “América Vermelha”, ou seja, o aumento de presidentes de esquerda na América Latina. Eu diria que foi uma conseqüência natural do esgotamento do modelo conservador imposto nos anos 90 na região, e que quase quebrou países como Peru e Argentina. Mas esse cenário atual naturalmente tende a se esgotar também nos países onde não houver competência administrativa e sim populismos exacerbados. Cada um escolhe o quer ser: Chávez ou Lula, Evo ou Bachelet.