Essa semana, às vésperas da eleição que decide nosso futuro nos próximos quatro anos, decidi vir aqui escrever sobre o que tenho visto, lido e ouvido. Ao que tudo indica, Lula será o grande vitorioso desta eleição, não só pela popularidade do seu governo, mas também pela sua declarada intenção de tornar essa eleição plebiscitária – concorde-se ou não com a estratégia. Em meio a tudo isso, jornais, telejornais e outros veículos de mídia se retorcem em teorias e debates tentando explicar como um governo tão bombardeado com supostos indícios de corrupção e tráfico de influência consegue fazer seu sucessor, aparentemente estupefatos pela sociedade não reverter essa situação votando na oposição.
Causa-me um misto de espanto e curiosidade perceber que em nenhum momento as pessoas “indignadas” e os meios de comunicação deixam de tentar buscar explicações na máquina do governo, no Lula, no “voto dos pobres” etc, e não na principal causa de fato: a total ausência de alternativas na oposição, frente ao que o Brasil parece ter consolidado como seu desejo enquanto nação. Marina Silva, tal qual Cristovam Buarque na eleição anterior e tantos outros que já apareceram ou ainda aparecerão, serão sempre a opção bem intencionada, íntegra, por vezes até “cult”. Mas a sociedade já amadureceu suficientemente para perceber que boas intenções de nada servem sem sustentação política e projetos administrativos viáveis. Resta a opção que parte da classe média emergente e/ou conservadora e setores da grande mídia tentam empurrar goela abaixo como única alternativa viável: o PSDB. Acontece que as pessoas não perceberam que o modelo de governo proposto pelo PSDB não é, na conjuntura atual do país, aquela que vai ao encontro dos anseios da grande maioria da sociedade. José Serra está longe de ser uma pessoa reacionária e conservadora, pelo contrário, até acredito que ele tenha sido de fato um bom administrador em São Paulo. Mas o modelo de condução e de desenvolvimento de país que ele propõe, bem como qualquer outro do grupo de pessoas que o apóiam, repito, não representa o que o Brasil precisa agora – e pelo que dizem as pesquisas, o que o Brasil parece querer, de fato. O discurso social da oposição soa “fake”, não convence nem atrai o eleitorado, uma vez que esse grupo de oposição sempre foi contra o modelo de desenvolvimento social proposto pelo governo Lula; e o viés tecnocrático da proposta do PSDB não empolga ninguém além do Reinaldo Azevedo e de outros colunistas da Veja.
A única esperança de um governo de oposição, a meu ver, alcançar o poder no Brasil em curto prazo reside na criação de um modelo alternativo de governo ao PT, mas não esse hoje proposto pelo PSDB. Um programa que aceite, de fato, a necessidade de viés social de uma administração pública. O problema é que as pessoas que hoje são oposição ao Lula e seu governo parecem não querer rever seus conceitos. Nesse caso, estão fadados a um retumbante fracasso, como o que parece se configurar.