16 de fevereiro de 2009

Ce grand malheur, de ne pouvoir être Seul

Originalmente publicado em 08/12/2008
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Hoje eu resolvi contar alguns pensamentos bem pessoais do meu dia. Estão vendo a foto aí? Foi no churrasco de Natal da turma da pós-graduação. Todo ano eu acabo “organizando” esse evento. São sempre 30, 40 até 50 pessoas ávidas por carne, complementos, sobremesas. Eu sempre reclamo que é serviço demais, incomodação demais, mas a verdade é que eu fico com um orgulho contido quando vejo as pessoas satisfeitas com algo que, de certa forma, eu ajudei a proporcionar. Mesmo acordando cedo e retornando exausto em casa, vale a pena. E as pessoas, acho, percebem um pouco isso. Mas por outro lado talvez não percebam o sentimento de melancolia que se abate em mim, algumas vezes em eventos como esse. Pela proximidade do Natal, que sempre me deixa com um sentimento feliz e triste ao mesmo tempo, ou pelo fato de que no fim do ano as pessoas viajam de volta para suas casas, ou por me chatear com situações específicas que não deveriam me afetar, mas afetam...sei lá.
Hoje em um determinado momento, depois de mais de 20 Kg de carnes, saladas, legumes recheados, eu me vi sozinho ali, na frente da churrasqueira. Ao fundo, 40 pessoas satisfeitas, conversando. E eu percebi que não tinha a mínima idéia do que elas conversavam, riam. Estava ali, ao lado, mas também longe demais, ocupado demais. Aquele sentimento de certa forma tomou conta de mim de uma maneira não tão saudável. Poxa, eu sabia que eu sempre vou preferir estar ali, “gerenciando” tudo, mas uma parte de mim ficava triste em saber que não estaria na maioria das muitas fotos que as pessoas vão colocar no orkut depois; que não adiantava chegar e sentar em qualquer lugar, pois eu não teria a mínima idéia do que estava sendo conversado. Às vezes, um homem no meio de uma multidão pode estar incrivelmente só.
Engraçado que isso me fez fazer uma comparação com algo totalmente sem conexão aparente: a nossa secretária da pós-graduação, a Simone. Cara, das 24 horas do dia, se dormir 8 horas, ela tem apenas 4 horas livres, pois nas outras 12 horas restantes ela está ou trabalhando ou se deslocando para o trabalho. Ou seja, a maior parte da vida dela é vivida ali, naquela cadeira, se relacionando com as pessoas que estão ali, trabalhando e estudando. E como tem gente que não se dá conta disso!! Deve ser por isso que converso tanto com ela, pergunto coisas, conto histórias, ajudo quando preciso. Deve ser ruim conviver horas e horas, dias e dias com pessoas que nunca trocam mais do que duas ou três palavras com você. Que acham que, por essas coisas da vida, existem determinados momentos que certas relações precisam ser mais “protocolares”. E o coração da pessoa, como fica?
Bueno, quem me conhece bem pode até estranhar o tom deste post, mas foram apenas alguns sentimentos específicos que quis compartilhar. Eu acho divertido que eu escrevo essas coisas e depois fico aqui do outro lado do monitor lendo e dando risada: ah, Daniel, deixa de bobagem!!!

P.S. O título do Post é a epígrafe (escrita por La Bruyère) do texto “Homem na Multidão”, de Edgar Allan Poe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha, Dani... já te disse que tu és o maior imitã, né? Hehe Tá ótimo o texto, como sempre...

http://www.piripimpim.blogspot.com/

Anônimo disse...

história triste, mas muitas vezes exatamente fiel. Assim também na pós!
Voilà.